Projetos em Andamento

SE O CURRÍCULO NÃO TEM FUNDAMENTOS FIXOS. SE APRENDER É ACONTECIMENTO, COMO AVALIAR?

Este estudo é proposto como possibilidade de pensar a avaliação da e para as aprendizagens a partir de aportes pós-estruturalista e pós-fundacionalista. Trata-se de assumir uma perspectiva discursiva para problematizar a articulação conhecimento-currículo-avaliação sustentada em bases realistas que favorecem a sedimentação de sentidos de escolarização que orientam as práticas avaliativas nas escolas. No estudo o conhecimento é assumido como produção discursiva que se processa no campo de disputas pelo poder. Uma compreensão de conhecimento que sustenta a concepção de currículo como espaçotempo de enunciação cultural. A partir dessas reflexões o aprender é assumido como processo singular de subjetivação que não pode ser definitivamente controlado ou submetido a regras definidas a priori. O aprender como acontecimento derridiano, como aquilo que escapa às tentativas de calculabilidade. O desafio então é pensar a avaliação como ação pedagógica necessária, mas sempre arbitrária e contingente. Ação que para ser justa, não deve se contentar com a aplicação das normas ou regras existentes, mas assumir o risco absoluto, em cada situação singular de aprendizagem. Essas reflexões orientam a pesquisa empírica de natureza qualitativa que elege as narrativas de licenciandas em Pedagogia como material empírico a ser investigado com o objetivo de identificar sentidos de avaliação escolar articulados nas narrativas sobre a avaliação desses sujeitos em seus processos de formação. Compreender se, e como, sentidos realistas de conhecimento organizam essas narrativas que são tomadas como processo de ressignificação da experiência vivida, implicadas nas relações com o outro e carregadas de significados. Ou seja, também são parte dos processos de subjetivação.

Palavras-chave: Teoria do discurso. Pós-estruturalismo. Currículo. Avaliação da aprendizagem. Responsabilização.

Período: 2020 – ATUAL

Coordenação: Talita Vidal Pereira

Estudantes envolvidos:

Doutorado: Edilson Barroso Gomes; Hermínio Ernesto Nhantumbo Roberta Avoglio Alves Oliveira; Roberta Avoglio Alves Oliveira; Márcio Bernardino Sirino; Gabriel Santos da Silva; Matheus Saldanha do Amaral Reis

Mestrado: Anna Clara R. Sondahl Bibiani; Pedro Ferreira de Lima Crespo

Graduação: Emilene Busquet de Barcelos (IC- FAPERJ 2018-2020); Millena Soares Leite (IC- CNPq 2018-2021); Paula Noronha; Creusa Lucia Ferreira Pereira

Financiador(es): Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq

SENTIDOS DE PROFESSOR E DE FORMAÇÃO DOCENTE NA POLÍTICA NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO: UMA INVESTIGAÇÃO DE SUAS LÓGICAS INSTITUINTES.

A pesquisa tem como foco os sentidos de professor alfabetizador constituídos na Política Nacional de Alfabetização, instituída pelo Ministério da Educação – MEC em 2019 através do Decreto nº 9.765 de 11/4/2019. Orientada por perspectivas pós-estruturais da Ciência Política e do campo do Currículo, nomeadamente a Teoria do Discurso de Ernesto Laclau e Chantal Mouffe e os trabalhos de Lopes & Macedo, busca investigar a lógica política que possibilita que alguns significantes de professor alfabetizador e de formação docente alcancem hegemonia nesta política. Tenciona-se, assim, sublinhar a radical historicidade das políticas de formação de professores e da identidade de professor alfabetizador enunciada nestas políticas, destacando a dimensão cultural do trabalho docente.

Palavras-chave: Teoria do Discurso. Políticas de Currículo. Formação do Professor Alfabetizador

Período: 2020 – ATUAL

Coordenação: Marize Peixoto da Silva Figueiredo

Estudantes envolvidos: 

Mestrado: Andressa Aguiar de Souza Resende; Cíntia Aparecida Oliveira de Medeiros

Graduação: Vanessa Nascimento Sant’Anna (IC); Maicon Longo da Silva –

Financiador(es): Bolsa de Iniciação Científica UERJ

POLÍTICA E ALTERIDADE: PRODUÇÃO CURRICULAR E FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA ESCOLA

Trata-se de um projeto de pesquisa sobre políticas curriculares, de formação docente inicial e em serviço, também dos pesquisadores como sujeitos circunscritos em experiências singulares que inscrevem o currículo como marcado pela autobiografia. Nesse sentido, se vincula a um projeto mais amplo coordenado pela Profa. Elizabeth Macedo (UERJ) e, como este, se propõe a reverter a lógica que tem imperado nas discussões em torno da centralização curricular no país, qual seja a de que é necessária a definição de um currículo nacional para guiar a atuação e a formação de professores. Ao se desenvolver junto à formação continuada na escola, a pesquisa se apoia em estudos narrativos de viés autobiográfico, com o objetivo de refletir acerca da produção de narrativas autobiográficas relacionadas à atividade profissional, para produzir compreensão das relações entre a constituição da subjetividade e a produção curricular na escola como política pública.

Palavras-chave: Políticas de Currículo. Alteridade. Subjetivação. Narrativas autobiográficas.

Período: ATUAL

Coordenação: Érika Virgílio Rodrigues da Cunha

Pesquisadores envolvidos: 

Lindalva Maria Novaes Garske (Prof. Drª UFR)

Thaís Silva Verão Theodoro (Mestre pelo PPGEDU/UFMT, Professora da SEDUC-MT)

Eliane Aparecida Silva (Mestre pelo PPGEDU/UFMT, Técnica Pedagógica no IFMT)

Eudes Arrais Góis (Mestre pelo PPGEDU/UFMT, Professor da SEDUC-MT)

Estudantes envolvidos:

Mestrado: Silvany Soares de Oliveira; Cláudia Sales Ritter; Tiago Castro Rodrigues; Leidiane Francisca de Oliveira; Paulo Henrique Barbosa; Tatiane Nogueira; Sylvia Alessandra Fragoso.

Graduação: Cristhie Anna Bárbara Macedo da Fonseca; Gabriel Nascimento dos Santos

Projetos Concluídos

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM SEM COMPROMISSO COM ACCOUNTABILITY: como a formação inicial tem enfrentado esse desafio?

Período: 2018-2020

Relatório

Em um contexto em que as políticas educacionais tendem a ser cada vez mais centralizadas e organizadas a partir de uma perspectiva de controle da escola e do trabalho do professor, o estudo se soma a outros que têm buscado questionar essa lógica. É fato que essas políticas ganham apoio social porque são anunciadas como garantidoras da qualidade de educação. No entanto, é necessário problematizar sentidos de qualidade da educação articulados em um projeto educacional pautado pela lógica do controle das diferenças, subordinadas a um padrão cultural que se pretende universal. As discussões sobre a natureza do conhecimento escolar estão inseridas nessas problemáticas e a partir da necessidade de afirmação de um projeto de qualidade que leve em conta o imponderável como dimensão constitutiva dos processos de formação humana. Dessa forma, trata-se de interpelar uma lógica universalista, padronizadora, centralizadora que tem orientado a formulação de políticas, contribuindo para o desbloqueio de outras formas de significar o mundo, a escola, o conhecimento, que levem em conta as diferenças que nos potencializa.

O projeto se insere no campo da pesquisa em currículo e está filiado à estudos que, nesse campo, operam a partir de uma perspectiva pós-estruturalista. São estudos que assumem uma perspectiva discursiva da realidade para problematizar os fundamentos essencialistas e o universalismo epistemológico que sustentam parte significativa dos discursos educacionais,
com implicações para os processos de organização e funcionamento da escola. Uma reflexão necessária para que possamos enfrentar a complexidade implicada nos processos de escolarização, via de regra, pensados em termos de uma universalização e de um ideal de igualdade que não dão conta de incorporar a pluralidade e as diferenças que constituem as formações humanas, para além do mero reconhecimento. Ao tomar como objeto de reflexão os significados atribuídos ao conhecimento escolar que orientam os processos de subjetivação dos(as) futuros(as) pedagogos(as), o projeto em questão oferece elementos para pensar se, e de que forma os processos de formação dos pedagogos têm contemplado essas discussões essenciais para que o futuro profissional possa compreender a complexidade implicada nos processos formativos. E dessa forma contribuí para o estado da arte tanto no campo do currículo como no campo da formação de professores. 

Articulados em defesa da qualidade da educação, os discursos produzidos acerca da escola e dos processos de escolarização têm contribuído pouco para a necessária reflexão sobre a qualidade educação desejada, para quem e para quê. Uma reflexão que deve contribuir para a desnaturalização das formas de organização e funcionamento da escola, que para além dos graves problemas estruturais da educação brasileira, também contribuí para a permanência de processos de exclusão de contingentes significativos de crianças e jovens. Mais do que afirmar a qualidade da educação é necessário discutir critérios substantivos que possam balizar essa qualidade a partir de um questionamento radical das lógicas das organizações escolares. Os resultados do estudo em questão confirmam essa urgência. Isto porque a discussão sobre o que conta e porque conta como conhecimento escolar é fundamental para pensarmos critérios de qualidade. Ao estabelecer como objetivo a investigação sobre como futuros professores e professoras se posicionam diante dessa problemática foi possível dar visibilidade a essa problemática e concluir que as questões relativas ao conhecimento e, consequentemente ao currículo, avançaram pouco no que diz respeito a uma posição conteudista em que o conhecimento se justifica por si só, em geral em nome de uma tradição. A compreensão de que existem conteúdos que são imprescindíveis para o entendimento e posicionamento adequado no mundo sustenta concepções naturalizadas de currículo e de disciplina escolar e contribuí para bloquear outras alternativas para pensar a escola e a escolarização. Ao mesmo tempo em que esse conteudismo não implica em investimento em uma formação sólida. Conteúdos relativos às disciplinas Matemática e Ciências Naturais, por exemplo, são vistos como desafios difíceis de serem enfrentados pelas participantes da pesquisa e o apoio do livro didático um recurso lembrado para possibilitar o desenvolvimento da docência. O que é um aspecto preocupante apontado pela pesquisa. 

Por outro lado, também foi possível identificar que questões relativas a cultura, a vida cotidiana, são reconhecidas como importantes para serem trabalhadas pela escola, mas como discussões suplementares com pouca articulação com as disciplinas escolares tradicionais.

 

SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS AO CONHECIMENTO ESCOLAR QUE ORIENTAM OS PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO DOS(AS) FUTUROS(AS) PEDAGOGOS

Período: 2014-2017

Relatório

Em um contexto em que as políticas educacionais tendem a ser cada vez mais centralizadas e organizadas a partir de uma perspectiva de controle da escola e do trabalho do professor, o estudo se soma a outros que têm buscado questionar essa
lógica. É fato que essas políticas ganham apoio social porque são anunciadas como garantidoras da qualidade de educação. No entanto, é necessário problematizar sentidos de qualidade da educação articulados em um projeto educacional pautado pela lógica do controle das diferenças, subordinadas a um padrão cultural que se pretende universal. As discussões sobre a natureza do conhecimento escolar estão inseridas nessas problemáticas e a partir da necessidade de afirmação de um projeto de qualidade que leve em conta o imponderável como dimensão constitutiva dos processos de formação humana. Dessa forma, trata-se de interpelar uma lógica universalista, padronizadora, centralizadora que tem orientado a formulação de políticas, contribuindo para o desbloqueio de outras formas de significar o mundo, a escola, o conhecimento, que levem em conta as diferenças que nos potencializa.

O projeto se insere no campo da pesquisa em currículo e está filiado à estudos que, nesse campo, operam a partir de uma perspectiva pós-estruturalista. São estudos que assumem uma perspectiva discursiva da realidade para problematizar os fundamentos essencialistas e o universalismo epistemológico que sustentam parte significativa dos discursos educacionais, com implicações para os processos de organização e funcionamento da escola. Uma reflexão necessária para que possamos enfrentar a complexidade implicada nos processos de escolarização, via de regra, pensados em termos de uma universalização e de um ideal de igualdade que não dão conta de incorporar a pluralidade e as diferenças que constituem as formações humanas, para além do mero reconhecimento. Ao tomar como objeto de reflexão os significados atribuídos ao conhecimento escolar que orientam os processos de subjetivação dos(as) futuros(as) pedagogos(as), o projeto em questão oferece elementos para pensar se, e de que forma os processos de formação dos pedagogos têm contemplado essas discussões essenciais para que o futuro profissional possa compreender a complexidade implicada nos processos formativos. E dessa forma contribuí para o estado da arte tanto no campo do currículo como no campo da formação de professores. 

Articulados em defesa da qualidade da educação, os discursos produzidos acerca da escola e dos processos de escolarização têm contribuído pouco para a necessária reflexão sobre a qualidade educação desejada, para quem e para quê. Uma reflexão que deve contribuir para a desnaturalização das formas de organização e funcionamento da escola, que para além dos graves problemas estruturais da educação brasileira, também contribuí para a permanência de processos de exclusão de contingentes significativos de crianças e jovens. Mais do que afirmar a qualidade da educação é necessário discutir critérios substantivos que possam balizar essa qualidade a partir de um questionamento radical das lógicas das organizações escolares. Os resultados do estudo em questão confirmam essa urgência. Isto porque a discussão sobre o que conta e porque conta como conhecimento escolar é fundamental para pensarmos critérios de qualidade. Ao estabelecer como objetivo a investigação sobre como futuros professores e professoras se posicionam diante dessa problemática foi possível dar visibilidade a essa problemática e concluir que as questões relativas ao conhecimento e, consequentemente ao currículo, avançaram pouco no que diz respeito a uma posição conteudista em que o conhecimento se justifica por si só, em geral em nome de uma tradição. A compreensão de que existem conteúdos que são imprescindíveis para o entendimento e posicionamento adequado no mundo sustenta concepções naturalizadas de currículo e de disciplina escolar e contribuí para bloquear outras alternativas para pensar a escola e a escolarização. Ao mesmo tempo em que esse conteudismo não implica em investimento em uma formação sólida. Conteúdos relativos às disciplinas Matemática e Ciências Naturais, por exemplo, são vistos como desafios difíceis de serem enfrentados pelas participantes da pesquisa e o apoio do livro didático um recurso lembrado para possibilitar o desenvolvimento da docência. O que é um aspecto preocupante apontado pela pesquisa. 

Por outro lado, também foi possível identificar que questões relativas a cultura, a vida cotidiana, são reconhecidas como importantes para serem trabalhadas pela escola, mas como discussões suplementares com pouca articulação com as disciplinas escolares tradicionais.